Exames e tecnologias úteis no diagnóstico de dores de cabeça

Dores de cabeça são queixas frequentes e têm causas que vão desde enxaqueca primária até sinais de alerta de doenças sistêmicas ou neurológicas. Este texto descreve exames e tecnologias que ajudam a esclarecer a origem das cefaleias, os sinais clínicos mais relevantes e quando pedir exames complementares para orientar o tratamento.

Exames e tecnologias úteis no diagnóstico de dores de cabeça

As dores de cabeça exigem uma avaliação clínica detalhada antes de qualquer exame complementar. A anamnese focada — incluindo início, duração, padrões de dor, presença de aura, fotofobia, náusea e fatores desencadeantes — é o ponto de partida para distinguir cefaleias primárias (como enxaqueca e cefaleia tensional) de causas secundárias que demandam investigação urgente. A decisão de solicitar exames baseia-se no quadro clínico, no exame neurológico e em sinais de alarme.

Quais exames ajudam no diagnóstico?

Exames laboratoriais básicos podem orientar para causas sistêmicas: hemograma, função renal e hepática, eletrólitos, marcadores inflamatórios (VHS/CRP) e, quando indicado, exames endócrinos. Em termos de neuroimagem, a ressonância magnética (RM) do crânio é o exame de escolha para investigação de alterações estruturais. A tomografia computadorizada (TC) é útil em situações agudas, como suspeita de hemorragia subaracnóidea ou trauma. Eletroencefalograma (EEG) não é rotina para cefaleia, mas pode ser solicitado quando houver confusão diagnóstica com crises epilépticas.

Qual o papel da neurologia no diagnóstico?

O neurologista integra sinais e sintomas ao exame físico neurológico para classificar a cefaleia. Avaliar presença de aura, alterações visuais, déficit neurológico focal, alterações na marcha ou pensamento e padrão de dor ajuda a direcionar exames. A história de fotofobia, náusea e episódios recorrentes com padrão típico sugere enxaqueca; já sintomas novos, progressivos ou acompanhados de febre, rigidez de nuca ou perda de consciência exigem investigação imediata para causas secundárias.

Como a aura, fotofobia e náusea orientam os exames?

A presença de aura — manifestações sensoriais ou visuais transitórias antes da dor — é característica da enxaqueca com aura e normalmente não requer exames urgentes se o padrão for típico e estável. Fotofobia e náusea associadas a crises repetidas reforçam diagnóstico clínico de enxaqueca. Contudo, início súbito de sintomas atípicos, aura com déficit neurológico persistente ou alteração do padrão habitual justificam neuroimagem para excluir isquemia, hemorragia ou lesões espaço-ocupantes.

Que tecnologias de imagem são mais indicadas?

Ressonância magnética (RM) com e sem contraste é sensível para tumores, malformações vasculares, lesões desmielinizantes e outras causas estruturais. Angio-RM e angio-TC identificam aneurismas ou estenoses vasculares. Tomografia computadorizada (TC) é a escolha inicial em emergências por ser rápida para detectar hemorragias. Em suspeita de trombose venosa cerebral, a venografia por RM ou TC é indicada. Fundoscopia e tomografia de coerência óptica (OCT) podem revelar papiledema associado a hipertensão intracraniana. Técnicas como PET e SPECT têm papel mais restrito à investigação e pesquisa em centros especializados.

Como distinguir dor crônica e gatilhos para prevenção?

Diferenciar cefaleia crônica de episódios episódicos envolve monitorização do padrão: diário de dores de cabeça, registro de gatilhos (sono, alimentação, álcool, estresse, hormônios) e uso de analgésicos. Gatilhos bem documentados orientam intervenções não farmacológicas e prevenção. A monitorização também detecta uso excessivo de analgésicos, que por si só pode perpetuar a dor (cefaleia por uso excessivo de medicação). Aplicativos, diários eletrônicos e dispositivos vestíveis podem ajudar a mapear frequência, intensidade e possíveis disparadores ao longo do tempo.

Terapia, analgésicos e implicações do diagnóstico

O diagnóstico preciso influencia a escolha terapêutica. Em enxaqueca aguda, analgésicos simples, anti-inflamatórios ou triptanos podem ser empregados conforme indicação clínica; já em cefaleia crônica ou com frequência alta, terapias preventivas e mudanças de estilo de vida são consideradas. É importante evitar o uso frequente de analgésicos sem orientação médica para reduzir risco de cronificação. Técnicas complementares — terapia cognitivo-comportamental, fisioterapia, acupuntura e manejo do sono — são úteis em planos integrados de tratamento. O diagnóstico correto também sinaliza quando encaminhar para exames adicionais ou intervenção cirúrgica em casos raros.

A avaliação deve ser sempre personalizada: pacientes com sinais de alerta, início súbito, piora progressiva ou achados neurológicos anormais exigem investigação imediata. Em muitos casos de enxaqueca típica, o diagnóstico é clínico e os exames servem para excluir causas associadas.

Este artigo tem fins informativos apenas e não deve ser considerado aconselhamento médico. Consulte um profissional de saúde qualificado para avaliação individualizada e tratamento.